quinta-feira, 19 de junho de 2008



Minimal Art

Movimento ou estilo artístico que surgiu nos Estados Unidos da América durante a década de 60, vários artistas começaram a expor em Nova Iorque e Los Angeles trabalhos como uma lâmpada fluorescente aparafusada diagonalmente à parede (The Diagonal of May 25, de Dan Flavin) ou placas de metal deitadas no chão (Aluminum-zin Dipole E/W, de Carl Andre). Estes objectos confundiram os críticos, que não sabiam como descrever e definir estas novas obras de arte. Como reacção à extrema subjectividade e emotividade do expressionismo abstracto dos anos 50. A palavra minimalismo foi pela primeira vez apresentada como um termo de arte em 1937 por John Graham, um artista americano de origem russa, no entanto, foi David Burliuk quem pioneiramente utilizou a palavra minimalismo num artigo datado de 1927, onde escrevia sobre o trabalho de John Graham. Daí que seja difícil precisar quem foi o primeiro a usar o termo, se David Burliuk ou John Graham. Mas foi com o artigo de um filósofo britânico, Richard Wollheim, publicado em 1966 e intitulado “Minimal Art “, que o termo entrou no discurso crítico.
O minimalismo, tal como o construtivismo, privilegia o racionalismo e o pensamento matemático. Rejeita o lirismo, a subjectividade e os interesses sociológicos exteriores, volta-se sobre si mesmo e sobre a sua própria análise. O movimento foi uma reacção à prolongada obsessão americana pela individualidade, que estava esgotada com a constante luta entre as liberdades de cada um e as exigências da sociedade. Na década de 60, quando o país tentava sair do conformismo obediente a que tinha estado sujeito durante a Segunda Grande Guerra, essa obsessão pelo individual tornou-se insustentável. A arte deixa de ser expressão do sujeito, para ser a força através da qual a mente impunha ordem e racionalidade às coisas.
Ao mesmo tempo que surgia o termo minimalismo, surgiam outras etiquetas para classificar o novo estilo, normalmente para dar títulos a exposições, como por exemplo, «ABC Art», « Primary Structures », « Cool Art », « Specific Objects » e « The Art of the Real».
Formalmente, a arte minimal caracteriza-se por uma estrutura muito simplificada, utiliza um método conceptual de composição racionalmente desenvolvido que consiste em disposições simples de unidades idênticas e intermutáveis, com frequência modulares, de inspiração matemática, ou resolvendo permutações geométricas, grelhas ou repetições que podem continuar ou prolongar-se infinitamente. Pelo seu carácter «anti-formal» – simplificação extrema das estruturas e ausência de reflexo pessoal – a arte minimal teve uma influência considerável na arte conceptual, onde a imagem cede lugar a uma representação textual.
Antes mesmo do movimento ser oficialmente reconhecido, já em Nova Iorque se realizavam manifestações minimalistas. A tendência para simplificar formas e linguagem já tinha se tinha revelado no mobiliário desenhado por Shaker, na filosofia pragmática de Charles Sanders Peirce e de William James, na pintura de Charles Sheeler, no realismo «científico» de Thomas Eakins, nas fotografias de Paul Strand e Walker Evans e na poesia de William Carlos Williams e Marianne Moore. Podemos ver também uma antecipação do minimalismo nos anos 50 na austeridade do teatro de Samuel Beckett e no novo romance de Allain Robbe-Grillet. Beckett na sua última fase reforça a simplicidade da forma e do conteúdo, para o dramaturgo as palavras são o principal ingrediente da arte da imperfeição, formando uma barreira impenetrável da linguagem que nos impede de sabermos a verdade e a essência das coisas. Para ele o nada é a realidade suprema. A peça Breath de 1969 é exemplo claro desta fase, dura somente trinta segundos, não tem personagens nem palavras. A negação voluntária do seu conteúdo torna-se verdadeiramente o seu princípio formal. A arte só pode reconciliar-se com a sua própria existência ao virar para o exterior o seu carácter de aparência, revelando o seu vazio interior.
Uma outra forma de expressão criada pelos minimalistas é o happening, uma situação, actuação improvisada, ou que o é aparentemente, projectada de modo a gerar a participação dos espectadores.O termo foi pela primeira vez usado pelo encenador americano, Allen Kaprow, no seu livro Something to Take Place: A Happening. Eram a favor da improvisação, da espontaneidade e do automatismo, mas não um automatismo puro, ditado do pensamento, ausente de qualquer controlo exercido pela razão.
O minimalismo operou mudanças decisivas não só na pintura, com nomes como o de Ad Reinhardt, ou na escultura, com Donald Judd, Robert Morris, Carl Andre e Dan Flavin, mas também na música e na dança. Na música, Philip Glass e Steve Reich compõem música que tem uma estrutura modular, onde a repetição é permanente. Na dança, Lucinda Childs faz coreografias implacavelmente repetitivas compostas num palco vazio, completamente nú.
Uma outra forma de arte minimal, e desta vez anterior à década de 60 é o haikai. O haikai é uma das mais importantes formas da poesia tradicional japonesa, e também a mais curta das composições poéticas; menor que o soneto, que a trova e mesmo que o epigrama grego.
O haikai surgiu no século XVI, mas foi Matsuo Basho no século XVII quem lhe deu maior expressão e divulgação. Caracteriza-se pela sobriedade da palavra, a vaga exposição da ideia, fornecendo, no entanto, ao leitor um vasto mas subtil conjunto de impressões. Os mais variados motivos do dia a dia servem-lhe de tema, e o sentido dos versos é o que está dito nele, nada está oculto.
O movimento da Minimal Art transcende a pintura, apesar de diversos pintores trabalharem próximo dela.
Num sentido estrito, apenas os objectos, esculturas e instalações de cinco artistas se inscrevem na Minimal Art: Carl Andre (1935), Dan Flavin (1933-1996), Donald Judd (1928-1994), Sol LeWitt (1928) e Robert Morris (1931). Contudo, nenhum concordou com o rótulo minimal artist.
Artistas minimalistas
Carl Andre, Donald Judd, Dan Flavin, Sol LeWitt, Ronald Bladen, Robert MorrisO que disse Sol LeWitt (1928): Recentemente tem-se escrito muito sobre a Minimal Art, mas ainda não descobri ninguém que admitisse fazer este tipo de coisas. Por isso concluo que faz parte de uma linguagem secreta que os críticos de arte utilizam quando comunicam uns com os outros através das revistas de arte.

A exposição “Linhas, grelhas, manchas, palavras” reúne uma selecção de desenhos da Colecção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Todos os desenhos apresentados partilham uma composição simples, impessoal e minimalista. A linguagem da arte minimal inclui linhas rectas, utilização de cores primárias e formas geométricas organizadas em colunas, grelhas e/ou sequências repetitivas. Com particular ênfase na escala e na percepção, os artistas minimalistas privilegiam a experiência física do espectador ao contrário de demonstrações de expressão artística. Embora estes critérios sejam relativamente mais simples de utilizar em objectos que vieram a definir a arte minimal, são por vezes mais complexos de identificar no que respeita estudos, esboços e outras obras em papel. Em desenho, o físico e o táctil são antes visíveis sob a forma de pequenas inconsistências, tomando a aparência de erros que suavizam o anonimato das linhas e grelhas.

Com início na década de 1960, quando a linguagem formal da arte minimalista estava estabelecida, a presente exposição pretende traçar a evolução dos aspectos formais (linhas isoladas, grelhas, monocromáticos e texto) e dos aspectos individuais (rasgar, dobrar e rabiscos) da expressão experimental à sua codificação como convenção ou instrumentos disponíveis para apropriação pelas seguintes gerações de artistas.

Algumas obras Minimalistas



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